UFPB lidera resgate da cafeicultura no Brejo Paraibano e realiza 1º Encontro de Cafeicultura da região
Evento realizado em Areia (PB) nos dias 9 e 10 de abril apresentou os avanços do projeto que busca revitalizar a produção de café na região após quase um século de declínio

Quase um século após o desaparecimento das lavouras de café no Brejo Paraibano, a região volta a sonhar com o grão como motor de desenvolvimento econômico e turístico. A iniciativa, coordenada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ganhou destaque durante o 1º Encontro de Cafeicultura do Brejo Paraibano, realizado nos dias 9 e 10 de abril de 2025, no município de Areia (PB).
O projeto “Resgate da Cafeicultura no Brejo Paraibano” é liderado pelo engenheiro agrônomo Guilherme Silva de Podestá, professor do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais da UFPB. Desde 2017, ele e sua equipe atuam no plantio, na pesquisa e no fomento à produção de cafés especiais na região.
A área, que chegou a ter até seis milhões de pés de café no início do século XX, viu a produção entrar em colapso a partir da década de 1920, devido à praga da cochonilha vermelha e à falta de assistência técnica e investimentos. A retomada atual mira a produção de cafés de alta qualidade, com boas condições climáticas (chuvas de até 1.300 mm/ano e altitude de 560 m), além de apoio científico.
Desde 2020, foram plantadas seis variedades de Coffea arabica, com destaque para os cultivares arara, catucaí 24137, catuaí vermelho e amarelo. Amostras dos cafés produzidos nos campos experimentais da UFPB já receberam pontuações acima de 82, consideradas cafés especiais. Um lote da variedade arara atingiu 85,7 pontos, segundo um avaliador Q-Grader.
Atualmente, o projeto conta com a adesão de cerca de 40 pequenos cafeicultores, que já cultivam 4,5 hectares de café. Em 2024, a UFPB lançou a marca Grãos da Parahyba, em fase de registro no INPI, que pretende agregar valor ao café da região e reinvestir em novas pesquisas.
Além dos cultivares arábica, a equipe já prepara o plantio de seis clones de robusta amazônico, ampliando o alcance da pesquisa e o potencial da cafeicultura local.
O evento
O 1º Encontro de Cafeicultura do Brejo Paraibano, realizado nos dias 9 e 10 de abril de 2025, reuniu cerca de 20 especialistas de todo o país e teve uma programação com palestras, painéis, oficinas e visitas técnicas. Entre os temas abordados estiveram: qualidade e produtividade, fermentação, torra, degustação de cafés, agregação de valor e o protagonismo feminino na cadeia produtiva.
O encontro foi promovido pelo Necaf (Núcleo de Estudos em Cafeicultura da UFPB), em parceria com a Associação de Turismo Rural e Cultural de Areia (Atura), Embrapa Alimentos e Territórios, Sebrae-PB e o Governo da Paraíba.
Café e turismo
A retomada da cafeicultura também tem incentivado o desenvolvimento do turismo rural e gastronômico na região. Em Areia, que já é reconhecida como a capital paraibana da cachaça, está em desenvolvimento a Rota do Café, um roteiro turístico que une casarões históricos, engenhos e fazendas produtoras de café.
“O café vai ser mais uma opção para atrair turistas e valorizar o que a região tem de melhor”, afirma o professor Guilherme Podestá.